sexta-feira, outubro 05, 2007

Mitos do 5 de Outubro

A 5 de Outubro de 1910 uma revolução impõe a República pela força. Desde então, a forma de chefia de Estado mantém-se mas o regime implantado nessa data, conhecido por I República, durou apenas 15 anos.

Para o português comum, a I República constituiu sobretudo um liberticídio; a liberdade de um cidadão na Monarquia liberal era maior do que a liberdade de um cidadão da I República. A isto acresceu o caos social e político que percorreu todo o regime com dezenas de Governos, vários golpes de Estado e tentativas de golpe, e milhares de vítimas mortais da violência política.

A caminho do centenário da atual forma de chefia de regime, A I República é hoje um mito descredibilizado porque a verdade acaba sempre por prevalecer.

O mito foi iniciado logo no pós 5 de Outubro. A este respeito, veja-se o postal abaixo publicado na época:

Entre outros episódios retratados nesse postal está a proclamação de República na Praça do Município em Lisboa. A praça é representada cheia de povo. No entanto, na foto seguinte pode ver-se a verdadeira imagem da Praça do Município nessa manhã de 5 de Outubro de 1910:



A praça está longe de se poder considerar meio cheia, ao contrário da imagética da propaganda.

Na foto que segue pode ver-se José Relvas na varanda do edifício da Câmara proclamando a República na tal Praça do Município:
A foto acima é famosa, e é fácil encontrá-la na imagética da implantação da República, inclusive sob formas estilizadas. No entanto, esta foto foi está cortada, está parcialmente censurada.

Abaixo pode ver uma foto obtida na mesma ocasião, mas esta está completa, não está cortada, não está censurada:

Nela se percebe que José Relvas proclamou a República a um pequeno ajuntamento de lisboetas e não à "multidão" da propaganda. Os presentes na Praça no momento da proclamação eram ainda menos do que os que se podem ver na primeira foto da Praça mais acima, obtida depois desta.

O mito divulgado pela obra de ocultação da verdade e da propaganda está muito aquém da realidade.

Sejamos monárquicos ou republicanos, pouco importa conquanto possamos mudar Regimes e Governos pelo voto. Mas importa que não sejamos alegres trauteadores de mentiras, importa que não aceitemos falsificações de políticos e de propagandistas. Importa também que uma certa gente saiba que não somos estúpidos ou, pelo menos, que não somos todos estúpidos.

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